Jacareí , uma cidade no interior de SP, localizada no Vale do Paraíba, possuí construções arquitetônicas repletas de mistério e história, que poucos jacarienses conhecem totalmente.
Atualmente, poucos casarões do período imperial permanecem de pé até hoje. Alguns deles são o Solar Gomes Leitão.
Propriedade do alferes, cafeicultor, escravista, empresário do século XIX, João da Costa Gomes Leitão (conhecido como: Coronel Leitão) construído em 1857, por engenheiros ingleses e arquitetos franceses, erguido por mão de obra escrava.
MISTÉRIOS E ASSOMBRAÇÕES
Além da propriedade onde eram realizadas negociações, saraus, e outros eventos festivos da época. Mas de fato, o destaque que permanece até hoje é a famosa lenda (muitos dizem não ser lenda, mas um fato) A Filha do Coronel.
Diz a lenda, que uma de suas filhas havia se apaixonado por um escravo, mesmo sem a aprovação de seu pai, insistiu no romance.
Ele então a 'enterrou' dentro da parede e a deixou sofrer por alguns dias ou horas (não se sabe ao certo). Poucos dias depois de ela morreu, e desde então assombra o local .
O relato mais marcante é a do guarda que a viu descendendo a escadaria com o seu vestido de festa branco, além de ter presenciado o piano tocar sozinho, ter ouvido vozes, choros, calafrios, e barulhos inexplicáveis. Desde então, não há mais segurança noturna, pelo fato de todos terem presenciado experiências sobrenaturais.
O relato mais marcante é a do guarda que a viu descendendo a escadaria com o seu vestido de festa branco, além de ter presenciado o piano tocar sozinho, ter ouvido vozes, choros, calafrios, e barulhos inexplicáveis. Desde então, não há mais segurança noturna, pelo fato de todos terem presenciado experiências sobrenaturais.
A MORTE DO CORONEL
Após a sua morte, em 1879, o prédio acaba sendo herdado por uma de suas filhas, Josephina Eugenia Leitão Guimarães vendeu o Solar por 30 mil contos de réis para a Fazenda do Estado de São Paulo, onde veio a se tornar a primeira escola estadual de Jacareí e uma das primeiras do Vale do Paraíba, o “Grupão”, hoje conhecida como Escola Estadual Coronel Carlos Porto. Na época, era a única escola a aceitar meninos e meninas, ainda que em espaço segregado, tendo duas diretorias ( de 1895 à 1980)
No final da década de 1970, um grupo de historiadores do município lutou pela preservação do prédio e a construção do Museu de Antropologia do Vale do Paraíba, que passou para o município em 1980. Em uma de suas primeiras ações o MAV inicia um longo processo de restauro que perdura por 12 anos (1980-1992). O Museu, hoje, tem um grande acervo de quadros com valores históricos, pratarias e as “Paulistinhas”.
Ao todo, são 43 quadros e 8 deles necessitaram de uma restauração para que não perdessem as características iniciais. As Paulistinhas são santos feitos de barro branco, material encontrado apenas na região do Vale do Paraíba, por isso recebe este nome. (Ao lado, João da Costa Gomes Leitão)
CURIOSIDADES
Quem era a Filha do Coronel que foi emparedada viva ?
Não se sabe ao certo o qual de suas filhas foi emparedada (já que não existe como provar se a lenda é verdadeira ou não, mas confesso, que ao entrar pela primeira vez,é notável a sensação de paz e conforto no local, mas dizem que quando escurece, o ambiente é aterrorizante, para isso basta descer pessoalmente aos porões para ter certeza).
Enfim, depois de anos de estudo, e muito repercussão sobre o assunto, seria ela então, Jesuína Gomes da Conceição Leitão.
Entre filhas e filhos do Coronel, estão a baronesa Leduína Maria da Conceição Leitão (casada com Barão de Castro Lima) Francisca Gomes da Conceição Leitão, Ana Leopoldina , Maria Ozória ...
Pelos registros históricos, Jesuína é uma das filhas da qual não casou-se (pois, teria mais sentido ser a moça da lenda).
Não se sabe nada sobre a sua vida, mas podemos dizer que a sua educação não era muito diferente das filhas de fazendeiros do século XIX, as conhecidas sinhás do secúlo XIX aulas de francês, piano, literatura, costura, pintura... enquanto os filhos aprendiam engenharia e coisas do tipo.
O Piano que toca sozinho
Dentre os 3 pianos presentes no museu (nenhum da mesma época em questão) estão entre eles o piano de 1901 ( um dos mais antigos da cidade) e o Essenfelder. Esse então o piano mais tocado em saraus e festivais. Seria esse o piano que segundo a lenda Jesuína toca todas as noites de tristeza e dor ?
Reconstituição da Época em Arte
Pela minha avaliação, o ano seria 1860, eis Jesuína, em teu vestido de festa francês, na época os vestidos tinham caimento nos ombros, demonstrando sofisticação e elegância, uma moda entre a aristocracia para a realização de saraus e festivais dos casarões.
Nas duas imagens podemos notar o penteado usado na corte européia durante aquele ano, tendo em base a moda francesa, onde o Brasil era um dos maiores importadores.
Jesuína descendo a escadaria em vida e morte.
OS PORÕES
Os porões do casarão, foram construídos como entrada de ar, já que o local é feito de taipa-de-pilão (argamassa disponível na época) madeira, e pau-a-pique. Sem esse quesito, a construção iria desmoronar em pouco tempo, pela questão de umidade excessiva.
Como era proibida a venda de escravos no Brasil, o Coronel então os escondia dentro (como lido anteriormente).
Para quem teve a oportunidade de visitar, sabe o quanto é aterrorizante passar no mínimo 10 minutos.
Dizem que existia uma passagem secreta (construída por escravos) que teria acesso, do Solar ao santíssimo da Igreja da Imaculada Conceição (igreja da aristocracia). Meados de 1960, a igreja sofreu algumas mudanças internas e externas, o que poderia também ter bloqueado a tal passagem.
AVISOS
O horário de visita ao museu ocorrem de terça à sábado, das 11:00 às 16:00. Entrada Gratuita.
Confira aqui a árvore genealógica da Família Leitão : https://www.geni.com/people/Jo%C3%A3o-da-Costa-Gomes-Leit%C3%A3o/6000000032858322837
O CASARÃO DE CAMPO
(Chácara Xavier)
Outra propriedade de Leitão, construído em meados de 1850, dessa vez um local um pouco mais afastado, às margens do Rio Paraíba. Nos registros consta como uma região de plantio do café , plantas frutíferas e ornamentais.
Após a morte do Coronel (1879), herdou então a sua filha, Maria Ozória Gomes Leitão, a propriedade de 10.000 m2. E com isso surgiu o momento de mudanças, ganhando calçamento de pedras, cozinha interna, detalhes arquitetônicos europeus, pinturas, cimalhas no beiral do telhado, arcos plenos, uma arquitetura de grande apuro plástico e estético presente em algumas construções da época.
Nos anos 40/50 a residência foi transferida para a família Xavier, aí foram registradas várias demolições como o muro de taipa-de-pilão (alguns dizem que existia até senzalas) e com a implantações de banheiros internos, jardins e varandas.
Em 2005, funcionou como um dos primeiros sítios arqueológicos de Jacareí, encontrando vestígios da fase cafeeira da cidade, como objetos originais de porcelana, cerâmica, e itens pessoais da Família Leitão.
(Imagens da Exposição: Fragmentos do Homem Valeparaibano, no Museu de Antropologia)
Infelizmente, o casarão de campo não está disponível para visitas. Hoje nele funciona o Condomínio das Palmeiras, no bairro do São João, a construção contínua bem preservada até hoje.
AS TUMBAS SECRETAS
NA IGREJA IMACULADA CONCEIÇÃO
Construída no final de 1600, passando por várias mudanças, a Igreja é uma das mais antigas do município.
Até em 1840, era comum enterrar pessoas importantes em igrejas, mas por questões sanitárias o ato tornou-se proibido.
Na Igreja da Imaculada Conceição, existe a cripta com 4 jacarehyenses importantes, entre eles estão eles :
- Frederico Cândido de Oliveira (Cirurgião Mor)
- João da Costa Gomes Leitão (Filho mais novo do Coronel)
- Innocêncio Dias de Moraes ( Ex-Juíz Municipal)
- Anna Antônia de Paula Machado (Mãe do Coronel Joaquim de Paula Machado)
As tumbas secretas se encontram atrás de uma santa, em uma porta 'camuflada' no canto direito, como podemos ver na foto abaixo
CEMITÉRIO DA SAUDADE
(AVAREÍ)
Por último, conhecido como o 'museu ao ar livre', entre os barões estão ali enterrados o segundo Barão de Jacareí, Barão de Santa Branca, Coronel Carlos Porto, João da Costa Gomes Leitão junto a sua esposa Diná Maria da Conceição , e alguns de seus filhos ali próximo.
Um túmulo que virou lenda, é a da sinhá Adélia Ferreira Braga de Siqueira , dona de escravos na qual maltratava as bonitas (segundo dizem)
Com a tentativa de redimir os seus atos de pecado e sofrimento alheio, Adélia em leito padeceu, morrendo na senzala de sua própria fazenda.
A várias versões, uma delas é que ela era uma mulher gentil com os seus escravos, e que foi encontrada morta na cozinha na mesma posição da escultura em sua tumba.
Outra é que se você tocar o nariz da estátua ela gritava, pois dizem que ela foi acorrentada pelo pai na senzala, e teria perdido um dos pés pôr infecção. Um fato interessante, é que o monumento está sem um dos pés, pois sempre que alguém tentavam consertar, sempre caía inexplicavelmente.
A quem diga que todas as noites ela grita e chora, alguns acreditam que ela morreu de sede, pois até hoje, muitos devotos deixam copos com água no seu túmulo.
A verdade nunca saberemos, os registros mostram que Adélia casou-se com José Martins de Siqueira, onde teve dois filhos : José Martins de Siqueira Junior e Malvina de Siqueira.
Adélia é repleto de mistérios e milagres. Não é só no Dia de Finados, muitos rezam e visitam em seu túmulo, mas diariamente são deixados terços, flores, velas. Adélia se tornou um ícone, um altar para a história da cidade, assim como todos que fizeram Jacareí crescer.
FOTOS DIVERSAS DO LOCAL
Adorei , mas jesoina leitão se não me engano casou e foi morar em Santa Rita do passa quatro
ResponderExcluirSim , é mae de um grande compisitor o Braguinha ,
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